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FOTOS: Hugo & Guilherme na Festa do Peão de Barretos 2025
 Hugo e Guilherme se apresentam na madrugada de sábado (23) na Festa do Peão de Barretos
Ricardo Nasi/g1
Apresentação de Hugo e Guilherme na 70ª Festa do Peão de Barretos, em 2025
Ricardo Nasi/g1
Hugo, da dupla com Guilherme, durante show na Festa do Peão de Barretos 2025
Ricardo Nasi/g1
Hugo e Guilherme se apresentam na madrugada de sábado (23) na Festa do Peão de Barretos
Ricardo Nasi/g1
Dupla Hugo e Guilherme se apresenta pela terceira vez no palco principal da Festa do Peão de Barretos
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Guilherme, da dupla com Hugo, durante show na Festa do Peão de Barretos 2025
Ricardo Nasi/g1
Hugo se apresenta com músico da banda durante a apresentação na Festa do Peão de Barretos
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Virginia Fonseca curte show de Hugo e Guilherme no camarote da Festa do Peão de Barretos
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Hugo e Guilherme se apresentam na madrugada de sábado (23) na Festa do Peão de Barretos
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Hugo, da dupla com Guilherme, durante show na Festa do Peão de Barretos 2025
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Hugo, da dupla com Guilherme, durante show na Festa do Peão de Barretos 2025
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Guilherme, da dupla com Hugo, durante show na Festa do Peão de Barretos 2025
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Guilherme, da dupla com Hugo, durante show na Festa do Peão de Barretos 2025
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Como sobreviver à seca: confira dicas de cuidados para crianças, adultos, idosos, pets e plantas
 Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em período de seca
TV Globo/Reprodução
No ano passado, o Distrito Federal enfrentou a pior seca registrada da história. Foram 167 dias sem chuvas e a umidade do ar chegou a 10% — o ideal, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é que fique acima de 60%. 🥵🥵
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), sem fenômenos como o El Niño ou La Niña, a seca neste ano deve ser mais amena, mas a atenção deve continuar.
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O período seco vai de maio a setembro e afeta diretamente a saúde e o bem-estar da população. Olhos, pele e vias respiratórias são os primeiros a sentir os efeitos do tempo seco, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos.
Os pets e até as plantas também sofrem nesse período 🐶🌱 . Por isso, é fundamental reforçar os cuidados diários.
Pensando nisso, o g1 preparou guias simples e práticos com rotinas para a manhã, a tarde e a noite nesse período.
Ao longo da semana, o g1 detalhou também recomendações específicas para crianças, adultos, idosos, pets e plantas. Os conteúdos foram organizados com a ajuda de especialistas.
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Baixa umidade, calor e seca podem causar problemas à saúde
Consequências da seca
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, a combinação do clima seco e frio pode gerar uma série de consequências para a saúde:
ressecamento da pele 🤚
irritação dos olhos 👁️
agravamento de quadros de alergia e asma 😷
surgimento de doenças respiratórias 👃
Entre os sintomas mais comuns deste período de seca estão a coriza, espirros, secreção amarelada ou esverdeada – típicos de doenças como resfriado, rinite alérgica e sinusite bacteriana.
Além disso, tosse, falta de ar e chiado no peito são característicos de laringites, faringites, traqueítes e bronquites, também frequentes durante estes meses, segundo a Secretaria de Saúde.
"Isso ocorre porque a baixa umidade resseca as vias aéreas e a mucosa nasal, diminuindo a proteção natural do organismo e facilitando a entrada de vírus e bactérias", aponta a Secretaria de Saúde.
Como se prevenir?
Para se prevenir e cuidar da saúde, uma das formas de prevenção é a hidratação. Além da ingestão de líquidos, a higienização das vias nasais com soro fisiológico é uma recomendação da Secretaria de Saúde.
Uma das formas mais eficazes de prevenção contra doenças respiratórias é a vacinação. No DF, mais de 100 unidades básicas de saúde têm disponível a vacina contra a influenza, veja aqui.
Veja os guias para se proteger durante a seca abaixo:
Guia de cuidados durante a seca para crianças.
Arte/g1
Guia de cuidados durante o período da seca para adultos.
Arte/g1
Guia de cuidados durante o período da seca para idosos.
Arte/g1
Guia de cuidados durante a seca para plantas.
Arte/g1
Guia de cuidados durante a seca para pets.
Arte/g1
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Médica quilombola inicia carreira em hospital onde avó trabalhou na limpeza durante quase 20 anos
 Médica quilombola inicia carreira em hospital onde avó trabalhou na limpeza, em Goiás
Uma trajetória para inspirar as próximas gerações. Aos 27 anos, Lígia Fonseca iniciou a sua carreira na medicina no Hospital de Caridade São Pedro de D’Alcântara, local onde nasceu e a sua avó trabalhou na limpeza durante quase 20 anos. Parte da comunidade Alto Santana, ela se tornou a primeira médica quilombola a atuar na cidade de Goiás, na região noroeste do estado.
Neta de Ione Francisca, que foi parteira, benzedeira e reuniu diversas pessoas em folias tradicionais da cidade, Lígia tem orgulho do lugar que ocupa atualmente. Sua avó trabalhou no Hospital São Pedro na área de serviços gerais, auxiliando na lavanderia e na limpeza por mais de uma década.
Nos corredores, muitos funcionários que trabalham ao lado da neta reconhecem a trajetória da avó. A jovem se emociona ao falar sobre a importância das suas raízes. “O lugar que eu ocupo hoje não é fácil. Eu me emociono muito em saber que a minha avó trabalhou aqui em um serviço que é mais desvalorizado”, contou.
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“Quando a gente vê que pode e consegue ocupar esses lugares é gratificante demais. O cuidado é diferente, o olhar com as pessoas, porque a gente está do outro lado também. Cada vez mais nós vamos conseguir descentralizar essa medicina elitizada”, declarou.
Com mais de 80 anos, Ione faleceu em 2018, antes de ver a neta ingressar na universidade, mas Lígia a mantém viva em suas memórias. Após se formar em maio de 2025, ela enviou um currículo para o hospital e mesmo sendo recém-formada conseguiu uma oportunidade de ingressar na área de clínica geral.
“Ela representa a conquista de gerações e a esperança de um futuro com mais equidade na saúde”, escreveu o hospital em uma publicação que celebrou a chegada da médica na unidade.
Lígia Fonseca e o retrato que pintou da avó, Ione Francisca, em Goiás
Reprodução/Instagram de Lígia Fonseca
Início de um sonho
Em entrevista ao g1, Lígia contou que o seu sonho de ser médica iniciou ainda na infância por influência do pai. Após sair do ensino médico, a jovem conseguiu uma bolsa em um curso preparatório para tentar ingressar na universidade. Depois de um ano, a tão sonhada vaga não veio e por não ter condições de se manter, ela passou a estudar em casa.
Na sua segunda tentativa, a jovem passou para o curso de biomedicina. Mesmo não sendo o seu objetivo inicial, Lígia se mudou para Jataí, na região sudoeste, e cursou um ano da graduação. Em 2019, ela fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) novamente. Por meio do programa de cotas para quilombolas da Universidade Federal de Catalão (UFJ), foi possível dar início a realização do seu sonho de fazer medicina.
Foram três anos de tentativa até que Lígia, natural da cidade de Goiás, se mudasse novamente para Jataí para iniciar uma outra graduação, dessa vez, seria a que ela sempre quis. Durante os anos de formação, ela lutou para se manter no curso. Em meio aos desafios, ela conquistou amigos e compartilhou suas experiências nas redes sociais.
Em uma publicação, ela celebrou a sua formação como médica após anos de estudo e dedicação. “Esse momento não é só sobre me tornar médica. Já banalizei várias vezes durante o decorrer do curso a relevância da minha graduação, pelo próprio contato e costume com o ambiente médico. Mas, me dei conta que esse momento é de luta”, escreveu.
Lígia ressaltou no texto que quando ingressou na faculdade houve um aumento de 690% dos pretos e pardos no curso. No entanto, mesmo assim, o grupo representa apenas 27% do total de ingressos em universidades públicas no país.
“E fica aqui meu incentivo para crianças que sonham, mas acham impossível, não é”, destacou a jovem.
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Quilombo
Lígia contou que o local onde foi criada foi reconhecido como quilombo pela Fundação Cultural Palmares (FCP) em 2017. De origem periférica, a comunidade ficou conhecida como “Chupa osso” devido à carência dos moradores.
“As pessoas que moram lá são pessoas trabalhadoras em áreas marginalizadas, são garis, minha avó mesmo trabalhou em serviços gerais por muitos anos, e não tinham condições financeiras de comprar carne, por exemplo. Elas iam no açougue e pegavam os ossos, que só tinham um pouco de carne, e comiam”, relatou.
Atualmente, o nome ainda é usado como uma forma de fortalecimento e ressignificação para a comunidade, explicou a médica. Lígia guarda boas lembranças do lugar em que cresceu rodeada de atividades e crianças para brincar.
Atualmente, ela assiste o início de uma nova geração. “Eu já consigo ver muitas de nós ocupando esses lugares. A gente já tem outra quilombola que está fazendo medicina na UFJ e que também é do Alto Santana, da mesma comunidade que eu”, disse.
Ocupar espaços e reivindicar direitos
Ao g1, Elenízia da Mata Secretária de Igualdade e Equidade Étnico-Racial da Prefeitura de Goiás, destacou que a cidade foi construída a partir do trabalho de pessoas negras e indígenas. No entanto, historicamente, essas pessoas ficaram à parte de oportunidades e de direitos.
Ela destacou que essa desigualdade é refletida em espaços de formação. Em cursos com maior potência econômica, como o de medicina, essa realidade é acentuada. “Quando a gente consegue registrar na história de que em 2025 nós estamos com a primeira mulher médica afrodescente e remanescente de quilombo, nós celebramos a vitória da Lígia, mas também denunciamos o apagamento da presença negra e indigena em Goiás”, declarou.
"A chegada de Lígia inspira outros jovens quilombolas a perceber que existem outros caminhos para além dos lugares de suberviência ou de estarem apenas no serviço bruto. Aponta para o fato de que apostar na educação pode trazer mobilidade social", afirmou a secretária.
Elenízia pontuou ainda que conheceu Ione, avó de Lígia. Ela foi a responsável por escrever o relatório antropologico que reconheceu a comunidade Alto Santana como quilombola em 2017. Na ocasião, a senhora a contou sobre um episódio de racismo que sofreu dentro do hospital após se oferecer para dar de mamá para uma criança e ter sido repreendida por ser uma mulher preta.
Casos como esse reforçam a importância do lugar ocupado pela neta de Ione. "Ver esse ciclo se fechando trás esperança para a gente", completou Elínizia.
Lígia Fonseca se tornou a primeira médica quilombola da cidade de Goiás
Reprodução/Instagram de Lígia Fonseca
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Como a floresta fabrica a própria chuva? Pesquisa desvenda segredo da Amazônia
 COP30 - O que é o Fundo Amazônia?
Quando pensamos na Amazônia, imaginamos uma floresta imensa e cheia de vida. É a maior floresta tropical do mundo, abriga a maior diversidade de espécies do planeta e concentra imensos volumes de água. Além do Rio Amazonas, o mais extenso do mundo, há também os chamados “rios voadores”, correntes invisíveis de vapor que transportam umidade na atmosfera acima da Amazônia e geram chuvas em várias regiões do Brasil.
As florestas têm grande influência sobre a geração desses rios voadores e o ciclo da água. Isso porque grande parte da umidade gerada na Amazônia e que retorna para a atmosfera vem de um processo conhecido como transpiração. As árvores retiram água do solo através das raízes, transportam-na até as folhas e a liberam para a atmosfera em forma de vapor. Esse vapor vindo das copas se transforma em chuva — localmente ou a centenas de quilômetros de distância.
Estudos já mostraram que, na estação seca, cerca de até 70% da chuva que cai na Amazônia tem origem na própria transpiração da floresta, que retorna a água para atmosfera. Como a seca é um período de chuvas reduzidas, surge uma pergunta essencial: de onde vem a água que as árvores usam para manter esse ciclo?
A investigação na Floresta Nacional do Tapajós
Um estudo realizado recentemente por pesquisadores brasileiros e internacionais, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), buscou responder a essa questão. A pesquisa foi conduzida dentro da Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, território tradicional dos Mundurukus, em duas áreas contrastantes: o platô, uma floresta mais elevada, na qual o lençol freático esta mais profundo (cerca de 40 metros), e o baixio, uma floresta que fica mais próxima ao igarapé, com um lençol freático mais raso, e abrange uma área próxima e acima do leito do rio, com aproximadamente até 30 metros do mesmo.
Os resultados surpreenderam. Ao contrário do que se pensava, a maior parte da água usada pelas árvores para transpirar no período da seca não vem de reservas profundas do solo, mas sim de camadas superficiais. Em um ano de chuvas normais, sem secas ou chuvas extremas, em média, 69% da transpiração no platô e 46% no baixio vieram da água armazenada nos primeiros 50 centímetros do solo.
Essa água armazenada nos primeiros centímetros do solo caiu das nuvens recentemente, no período da estação seca. Isso significa que a floresta recicla rapidamente a água da própria estação: a chuva cai, infiltra-se no solo raso, é absorvida pelas raízes e retorna quase imediatamente para a atmosfera, na forma de transpiração. Por estar na seca, este é o momento em que a floresta mais precisa da água, e é quando ela mais contribui para produzi-la.
Vista do rio Xingu mostra uma propriedade usada para criação de gado (à esquerda) e uma área preservada da floresta amazônica, na Terra Indígena Koatinemo, no estado do Pará
Carlos FABAL/AFP
O papel da diversidade das árvores
Nem todas as árvores retornam iguais quantidades de chuva da seca para a atmosfera da mesma forma. A Amazônia é extremamente diversa em árvores, e diferentes espécies possuem estratégias distintas para acessar a água armazenada no solo. O estudo mostrou que a chave para entender essas diferenças na fonte de água da transpiração está em um traço hidráulico chamado resistência ao embolismo. Esse mecanismo indica a vulnerabilidade de uma árvore à seca.
Quando a árvore absorve água do solo, é como se houvesse um “cabo de guerra”, em que a corda é a própria água: de um lado, o solo retém a água; do outro, a raiz da árvore tenta puxá-la. Quanto mais seco o solo, com mais “força” o solo segura a água, e mais força é necessária para puxá-la. Espécies com maior resistência ao embolismo conseguem extrair água solos mais secos.
Espécies mais resistentes retornam grandes proporções da água da chuva da estação seca para atmosfera, portanto, estão mais adaptadas a utilizar água de solos rasos, e usam mais dessa água que caiu recente. Já as espécies com menor resistência ao embolismo, e maior vulnerabilidade, são mais “fracas” nesse cabo de guerra, e precisam de outras estratégias, como por exemplo, utilizar raízes mais profundas, para potencialmente alcançar camadas do solo com reserva de água mais estável.
O estudo mostra que quanto maior a resistência ao embolismo, mais água rasa as árvores utilizam na transpiração. Essa descoberta é inédita, e ajuda a explicar como diferentes árvores contribuem para a reciclagem da chuva.
E ainda mais interessante, o estudo mostra que mesmo na estação seca, grande parte da água utilizada na transpiração vem das camadas mais rasas do solo abastecidas pela chuva. Muitas dessas espécies estudadas estão utilizando grandes proporções de água rasa.
Por que isso importa? Sem floresta, sem chuva
A mensagem é clara: sem floresta, não há chuva. E, sem chuva, não há floresta. A água rapidamente reciclada pela transpiração não só mantém a Amazônia durante a estação seca, como também é essencial para dar início às chuvas da estação chuvosa, algo já mostrado em estudos anteriores. Se a floresta perde sua capacidade de reciclar a água, o risco é de um colapso do ciclo hidrológico.
Comunidades tradicionais e indígenas são as mais diretamente afetadas pelas mudanças no ciclo da água, sofrendo impactos intensos em seu cotidiano. Mas as consequências ultrapassam os limites da Amazônia. Os chamados “rios voadores” transportam umidade para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, sustentando a agricultura em algumas das principais regiões produtoras de grãos. Com menos floresta, há menos chuva.
O desafio
Esse alerta se torna ainda mais urgente diante da recente aprovação do chamado PL da Devastação. A mudança na legislação pode acelerar o desmatamento em áreas nacionais críticas, como a Amazônia, e outras florestas, que também são importantes para o ciclo da água, como o Cerrado e a Mata Atlântica.
A equação é simples: menos árvores, menos chuva, menos floresta. E esse ciclo negativo ameaça não só a biodiversidade e o clima, mas também a segurança alimentar e o transporte de muitas comunidades locais e da região, e também a economia brasileira.
O estudo mostra que o ciclo da água na Amazônia é rápido mesmo na seca: a própria chuva da estação seca alimenta a transpiração, que depois vira chuva. O estudo reforça algo que já sabemos, mas nem sempre levamos a sério: a Amazônia é uma verdadeira fábrica de chuvas. Cada árvore, ao transpirar, coloca em movimento o vapor que ajuda a manter a vida, dentro e fora da floresta.
Proteger a Amazônia não é apenas uma questão ambiental. É garantir chuva, alimento e futuro econômico para o Brasil.
Magali Nehemy recebe financiamento da Natural Sciences and Engineering Research Council of Canada. Ela é afiliada à Universidade de British Columbia (UBC), Okanagan.
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Menopausa precoce: parar de menstruar antes dos 40 anos é normal? Veja sintomas e consequências dessa condição
 Mulheres que param de menstruar antes dos 40 anos enfrentam a chamada menopausa precoce.
Freepik
Os sintomas são comuns para mulheres na faixa dos 50 anos: ondas de calor, problemas no sono, alterações de humor e falta de libido – a menopausa. Mas, para algumas, eles podem chegar antes mesmo dos 40 anos. É a chamada menopausa precoce.
No caso da pedagoga Lidiana Caldas, o diagnóstico foi confirmado muito cedo, aos 32 anos. Os sinais começaram meses após a retirada de um cisto de sangue nos ovários. Hoje, com 47 anos, ela ainda convive com boa parte dos sintomas. (leia a história completa abaixo)
"Faz 15 anos que tenho os sintomas da menopausa e nunca melhorei, mesmo fazendo diversos tratamentos hormonais diferentes", conta Lidiana.
Ainda que cirurgias possam levar a quadros de menopausa precoce, os médicos nunca conseguiram afirmar com certeza o que motivou o início tão cedo dos sintomas no caso de Lidiana.
E, segundo os ginecologistas, isso é comum quando o assunto é menopausa precoce.
"Há casos, como esse, em que é muito difícil estabelecer uma relação [de causa e efeito] porque muitos fatores podem levar à menopausa precoce", afirma Flávia Fairbanks, mestre e doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
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Causas e sintomas da menopausa precoce
Maria Celeste Osório Wender, ginecologista e presidente da Federação Brasileira das Associações em Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que muitos casos de menopausa precoce são idiopáticos – termo médico utilizado para definir quando uma doença ou condição tem uma causa desconhecida ou que não pode ser identificada.
➡️Mas há alguns fatores que podem fazer com que a mulher deixe de menstruar antes do período considerado normal:
Fatores genéticos
Grandes cirurgias na região abdominal
Tratamentos como quimioterapia e radioterapia
Alterações cromossômicas
Ela também pondera que, apesar de ser difícil identificar a causa da menopausa precoce, sabe-se que os hábitos ao longo da vida não influenciam nesse quadro.
"O único hábito que pode influenciar é o tabagismo, mas isso antecipa por volta de dois anos, o que não é uma interferência tão significativa", analisa a ginecologista.
A depender da causa, as ginecologistas explicam que é possível prever se a mulher vai passar por uma menopausa precoce. Isso é válido especialmente para mulheres que já têm casos de menopausa precoce na família, que têm uma situação genética conhecida, que estão passando por algum tipo de tratamento ou cirurgia.
"Tudo isso é muito importante porque a gente já fica com um olhar especial para essas pacientes para ver se elas de fato possam estar desenvolvendo esse processo de maneira precoce", afirma Flávia Fairbanks.
➡️E ainda que esse processo comece antes para algumas mulheres, os sintomas são muito semelhantes e incluem:
Ondas de calor
Secura vaginal
Perda da qualidade do sono
Diminuição da libido
Falta de concentração e de memória
Secura geral na pele e nos olhos
Redução da capacidade cognitiva e de concentração
A grande diferença, segundo as ginecologistas, é quando a menopausa precoce acontece de forma abrupta, como em casos em que a causa é uma situação cirúrgica.
"O que mais diferencia em termos dos sintomas não é tanto a idade da mulher que está passando por essa situação, mas muito mais a velocidade com a qual ela entrou nesse processo. Todas as vezes que isso estiver relacionado a uma situação abrupta, a intensidade dos sintomas vai ser muito maior", comenta Fairbanks.
Em mulheres em que o processo acontece de forma natural, só que mais cedo, a tendência é que os sintomas sejam até mais suaves.
Ondas de calor, insônia e ansiedade: os desafios da menopausa para milhões de brasileiras
'Parei de menstruar com 32 anos'
Para Lidiana Caldas, os sinais vieram todos juntos, de forma muito intensa, e começaram seis meses depois de uma cirurgia.
"Em 2009, eu fiz uma cirurgia para a retirada de um cisto nos ovários. Era um cisto de sangue e na época o médico me disse que eu não teria dificuldades na recuperação, que inclusive poderia ter quantos filhos quisesse", conta a pedagoga.
Meses depois, o que ela sentiu foi um calor insuportável e recorrente, enxaqueca e irritação, além de uma redução no fluxo menstrual, todos sintomas da menopausa.
"Como faço acompanhamento regular com o médico por causa da cirurgia e também porque a minha família tem histórico de câncer, um dos exames mostrou que meus ovários estavam atrofiando, e comecei o tratamento", lembra.
Foram meses tomando hormônios e trocando de médicos para tentar descobrir a causa do problema quando aos 32 anos recebeu o diagnóstico: menopausa precoce.
Ela conta que, pela proximidade com a cirurgia, alguns médicos acreditavam que a situação poderia ser transitória e que poderia ser revertida com a reposição hormonal. Mas nunca estabeleceram uma relação direta entre o procedimento e o adiantamento da menopausa.
Flávia Fairbanks explica que, quando há a confirmação da menopausa precoce, o processo não pode ser revertido.
"Do ponto de vista de criar óvulos nos ovários, infelizmente, a gente ainda não tem essa tecnologia. E como a menopausa se instala justamente pelo esgotamento do número de óvulos, então isso fica realmente muito difícil", detalha.
O que é recomendado nesses casos é a reposição hormonal, tanto para amenizar os sintomas como evitar complicações que podem surgir a partir dessa situação.
No caso de Lidiana, as tentativas de tratamento com hormônios via oral, gel e implante no braço não surtiram efeitos definitivos e ela ainda convive com boa parte dos sintomas.
"Hoje é uma grande frustração ter pagado por tantos tratamentos e não ter nenhum sucesso. Atualmente não tenho mais nada de hormônio sendo produzido pelo corpo e os sintomas continuam", lamenta a pedagoga.
Consequências da menopausa precoce
Além da convivência com os sintomas, que pode se estender por anos em alguns casos, a menopausa precoce também traz consequências relacionadas à qualidade do envelhecimento da mulher.
Maria Celeste destaca que os dois principais problemas observados são perda óssea e comprometimento da saúde cardiovascular.
A falta de reposição hormonal em casos de menopausa precoce pode levar a um aumento de placas nas artérias, aumentando o risco de doenças cardiovasculares como derrames e infartos.
Além disso, há uma alta na chance de desenvolver osteopenia e osteoporose, condições associadas a fraturas graves e perda na qualidade de vida, se não tratadas.
"Essas mulheres vão conviver por muito mais tempo com uma quantidade mais baixa de hormônio e por isso podem desenvolver problemas de saúde ainda mais cedo", comenta a ginecologista.
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